CENA   CURTA


Num canto lúgubre,
tece sua teia, a ardilosa aranha.
Trabalha incansável, como a antever uma recompensa.
Instante depois, cai por sobre o lençol de renda, descuidada mariposa.
Debate, em vão, as delicadas asas.
Consumado está, o tento.
Quem antes rodopiava, airosa e intrépida em torno da luz,
descansa agora no leito cuidadosamente preparado.

Vida


Jazida dantes, acobertada pela aconchegante areia
emerge agora a pequenina tartaruga.
Aquele é o momento.
Longo é o percurso até a orla.
Não cabe titubear ante a incontroversa natureza.
Qual corcel, se apresentam as tumultuadas ondas...
E se consuma, então, o sôfrego abraço...
Agora é entre ela e o mar.

Inícios, Meios e Fins

Germina-se absolutamente primaveril, com perspectiva, forma e linguagem poética. Calca-se em sentimentos incertos e explosivos. Cresce previsível, tal como o verão e o inverno. Acomoda-se largo, como a tampa do fosso em concreto. E finalmente, sublima-se em plenitude. Como é sábia a natureza e os seus inícios, meios e fins.